quinta-feira, 23 de janeiro de 2020


                                  O Presépio vivo
Aproximava-se a época de Natal e a Joana, uma menina de oito anos, continuava a viver, dia após dia, numa tristeza profunda. Para ela já era rotina não ter a atenção desejada por parte da família e dos amigos, logo passava os dias sozinha e a procurar alguém que a acompanhasse e ajudasse.
            Como a própria época desperta o espírito natalício, a família da Joana começou a preparar o presépio. Como tradição, este seria uma peça fundamental para a festa que se avizinhava, isto porque sempre fora um presépio grande, automático e chamativo. Durante a preparação do mesmo, algo despertou a atenção da Joana: a personagem de Maria moveu-se e passou a mão na cabeça do menino Jesus.
            Faltava uma semana para o Natal e a família decidiu fazer as compras necessárias, como a alimentação e presentes, conquanto, a Joana preferiu ficar em casa para desvendar o mistério do presépio.
Saíram todos de casa e ela correu para perto do presépio para brincar com as peças. De súbito ouviu-se uma voz:
            -Não estás sozinha, nós estamos aqui, Joana! Eles hão de entender que estão a cometer um grande erro.
            A menina sentiu, inicialmente, um pavor enorme, mas este sentimento rapidamente se transformou em sensação de proteção, o que levou Joana a interagir, dirigindo-se para as peças do presépio como uma maluca.
Ao longo da sua conversa aleatória com os seus “amigos brinquedos”, a Joana começou a chorar e a questionar o porquê de ser ignorada por tudo e por todos; foi nesse momento que o pastor, personagem de barro do presépio, abraçou o dedo da menina, que é literalmente do seu tamanho, e sussurrou:
- Aqui somos silenciosos e quietos, mas somos uma família e amamo-nos incondicionalmente. Talvez os teus pais estejam atarefados e cansados do trabalho ou mesmo sem paciência, mas lá no fundo és o fruto deles e eles têm um carinho enorme por ti. Nunca duvides disto porque amor igual ao da família nunca irás encontrar, aproveita este Natal e convive com eles ao máximo porque infelizmente, ninguém dura para sempre!
-Mas…- disse menina.
- E sim, nós somos um presépio vivo, -interrompeu o pastor- mas a verdade é que só demonstramos a nossa existência quando vemos situações tristes, o Natal é para passar em família e rodeados de felicidade!
            Este pequeno diálogo fez com que a Joana caísse na realidade e pensasse que, se calhar, o que ela sentia era só uma sombra de dúvida e que, na verdade, estava rodeada de pessoas que a amavam realmente, pessoas capazes de gestos de muita ternura e carinho; Joana teria de aprender a ver para além do alcançável à vista.
            O Natal chegou e Joana mantinha o que o pastor dissera dentro da sua cabeça e assim o fez. Aquele dia, com um cenário memorável, prolongou-se pela noite, o tempo passou rapidamente, mas o que não passou foi o brilho nos olhos de toda a família.
            No final do dia, a Joana conquistou a sua felicidade e finalmente sentiu-se orgulhosa da sua família, tudo isto graças ao seu querido presépio vivo.

 

Nádia Vaz
Nº 14, 9º B

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