O Presépio vivo
Aproximava-se a época de Natal e a Joana, uma menina de oito anos,
continuava a viver, dia após dia, numa tristeza profunda. Para ela já era
rotina não ter a atenção desejada por parte da famÃlia e dos amigos, logo
passava os dias sozinha e a procurar alguém que a acompanhasse e ajudasse.
Como
a própria época desperta o espÃrito natalÃcio, a famÃlia da Joana começou a
preparar o presépio. Como tradição, este seria uma peça fundamental para a
festa que se avizinhava, isto porque sempre fora um presépio grande, automático
e chamativo. Durante a preparação do mesmo, algo despertou a atenção da Joana:
a personagem de Maria moveu-se e passou a mão na cabeça do menino Jesus.
Faltava uma semana para o Natal e a
famÃlia decidiu fazer as compras necessárias, como a alimentação e presentes,
conquanto, a Joana preferiu ficar em casa para desvendar o mistério do
presépio.
SaÃram todos de casa e ela correu para perto do presépio para brincar
com as peças. De súbito ouviu-se uma voz:
-Não estás sozinha, nós estamos aqui,
Joana! Eles hão de entender que estão a cometer um grande erro.
A menina sentiu, inicialmente, um
pavor enorme, mas este sentimento rapidamente se transformou em sensação de
proteção, o que levou Joana a interagir, dirigindo-se para as peças do presépio
como uma maluca.
Ao longo da sua conversa aleatória com os seus “amigos brinquedos”, a
Joana começou a chorar e a questionar o porquê de ser ignorada por tudo e por
todos; foi nesse momento que o pastor, personagem de barro do presépio, abraçou
o dedo da menina, que é literalmente do seu tamanho, e sussurrou:
- Aqui somos silenciosos e quietos, mas somos
uma famÃlia e amamo-nos incondicionalmente. Talvez os teus pais estejam
atarefados e cansados do trabalho ou mesmo sem paciência, mas lá no fundo és o
fruto deles e eles têm um carinho enorme por ti. Nunca duvides disto porque
amor igual ao da famÃlia nunca irás encontrar, aproveita este Natal e convive com
eles ao máximo porque infelizmente, ninguém dura para sempre!
-Mas…- disse
menina.
- E sim, nós
somos um presépio vivo, -interrompeu o pastor- mas a verdade é que só
demonstramos a nossa existência quando vemos situações tristes, o Natal é para
passar em famÃlia e rodeados de felicidade!
Este pequeno diálogo fez com que a
Joana caÃsse na realidade e pensasse que, se calhar, o que ela sentia era só
uma sombra de dúvida e que, na verdade, estava rodeada de pessoas que a amavam
realmente, pessoas capazes de gestos de muita ternura e carinho; Joana teria de
aprender a ver para além do alcançável à vista.
O Natal chegou e Joana mantinha o
que o pastor dissera dentro da sua cabeça e assim o fez. Aquele dia, com um
cenário memorável, prolongou-se pela noite, o tempo passou rapidamente, mas o
que não passou foi o brilho nos olhos de toda a famÃlia.
No final do dia, a Joana conquistou
a sua felicidade e finalmente sentiu-se orgulhosa da sua famÃlia, tudo isto
graças ao seu querido presépio vivo.
Nádia Vaz
Nº 14, 9º B
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